Os vereadores de Ourinhos retomaram, nesta segunda-feira (3), as Sessões Ordinárias após o recesso parlamentar. A primeira plenária de 2025 trouxe uma pauta extensa, incluindo 128 requerimentos, 46 indicações, 5 moções e 3 projetos de resolução. Entre os destaques, os parlamentares aprovaram por unanimidade a criação de duas Comissões de Assuntos Relevantes (CARS), sendo uma delas voltada à investigação da concessão dos serviços de água e esgoto no município.
Investigação ou estratégia política?
A criação da comissão para investigar a concessão do saneamento à empresa Ourinhos Saneamento levanta questionamentos entre a população. Muitos dos vereadores que hoje criticam a concessão foram os mesmos que, no passado, votaram a favor da extinção da autarquia SAE (Superintendência de Água e Esgoto) e apoiaram a privatização do serviço. Agora, tentam se dissociar da medida, que tem sido amplamente rejeitada pela população.
Os parlamentares argumentam que o processo de concessão foi conduzido sem aprovação da Câmara pelo então prefeito Lucas Pocay (PSD). Entretanto, há um temor crescente entre os moradores de que a comissão sirva apenas como uma estratégia para afastar a responsabilidade da atual composição da câmara e livrar-se da herança política de Pocay, cujo legado tem sido alvo de forte rejeição. Outra preocupação é que, ao final da investigação, os vereadores possam simplesmente afirmar que “não há nada de ilegal”, deixando a população sem solução para os problemas enfrentados com a concessionária.
A insatisfação popular gira em torno do aumento expressivo na tarifa mínima, que passou de 5m³ para 10m³, elevando a conta de água para R$ 42,25 (incluindo a taxa de esgoto). Além disso, prédios públicos que antes eram isentos passaram a pagar pelo serviço, gerando um impacto financeiro de cerca de R$ 1 milhão por mês à Prefeitura. Em 22 anos, esse montante cobriria o valor pago pela concessionária na outorga, de R$ 275,5 milhões.
Transparência em xeque
Para muitos entrevistados pelo Notícias Regionais, a comissão formada exclusivamente por vereadores não será suficiente para garantir uma investigação transparente e isenta. Há uma forte defesa para que o grupo inclua representantes de instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Ministério Público, entidades de classe, imprensa e membros da sociedade civil. Essa composição traria mais força e credibilidade às ações do grupo, impedindo que a comissão se torne apenas um instrumento político sem resultados concretos.
Diante do crescente descontentamento, a população aguarda para ver se a investigação resultará em medidas efetivas ou se será apenas mais um capítulo de disputas políticas sem impacto real na prestação do serviço.
FONTE E AGRADECIMENTOS AO JORNAL BIZ: https://www.instagram.com/jornalbiz/p/DFp22eju_Vj
