Ferrovias brasileiras enfrentam alta ociosidade e desafios na infraestrutura

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Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que grande parte da malha ferroviária do Brasil está sendo pouco utilizada. De acordo com os dados, 64% dos trilhos apresentam uma ociosidade superior a 70%, enquanto 44% dos trechos operam com menos de 10% da capacidade.

Segundo especialistas, um dos principais motivos para essa situação é a priorização de corredores voltados à exportação, principalmente para escoamento de commodities e minérios. O pesquisador Gildemir da Silva, da Universidade Federal do Ceará (UFC), destaca que essa estratégia favorece alguns trechos, mas penaliza outros que não fazem parte dessa rota comercial, resultando em infraestrutura ociosa e até deteriorada ao longo do tempo.

Além disso, o relatório do TCU indica que o descumprimento de investimentos obrigatórios e o abandono de trechos ferroviários contribuem para esse cenário. Comparado a países como Estados Unidos e China, o Brasil ainda enfrenta desafios de conectividade e integração entre diferentes operadores do setor, dificultando um aproveitamento mais eficiente da malha ferroviária.

Revisão do Marco Legal das Ferrovias

Diante desse quadro, o Senado pretende avaliar a aplicação do Marco Legal das Ferrovias, aprovado em 2021. O presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura, senador Marcos Rogério (PL-RO), anunciou que serão feitas diligências para verificar o impacto das normas na prática e analisar possíveis ajustes para ampliar a eficiência do setor.

Rodovias seguem como principal alternativa de transporte

Enquanto as ferrovias enfrentam dificuldades, as rodovias continuam sendo a principal opção para o transporte de cargas e passageiros no Brasil. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), as concessões de rodovias federais arrecadaram mais de R$ 16 bilhões em pedágios entre 2022 e 2023, acompanhando um aumento no fluxo de veículos, que saltou de 735 milhões para 801 milhões no período.

Um estudo comparativo do TCU sobre a qualidade das rodovias revela que trechos sob gestão privada apresentam melhores condições. Enquanto 69% das estradas concedidas à iniciativa privada estão classificadas como ótimas ou boas, esse índice cai para 24,7% nas rodovias administradas pelo setor público.

O cenário reforça a necessidade de investimentos e planejamento estratégico para garantir que a infraestrutura de transporte do país seja mais eficiente e integrada, promovendo benefícios tanto para a economia quanto para a mobilidade da população.