O Brasil vive um cenário preocupante de descontrole fiscal. Em 2025, enquanto a arrecadação federal gira em torno de R$ 2,37 trilhões, as despesas do governo já ultrapassam R$ 3,12 trilhões. O resultado é um déficit de aproximadamente R$ 750 bilhões, que aumenta a dívida pública e mantém os juros em patamares elevados.
A situação, longe de ser nova, ganhou mais visibilidade com iniciativas que expõem, em tempo real, a disparidade entre o que o governo arrecada e o que gasta. Em Porto Velho (RO), a Associação Comercial e Empresarial da cidade (Acep) inaugurou no dia 31 de julho o primeiro painel de LED da Região Norte mostrando os números da arrecadação e do gasto público federal. O projeto é inspirado no Impostômetro, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), e no Gasto Brasil, da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).
“Quando olhamos para os dados, vemos claramente o desequilíbrio. O Gasto Brasil marcava mais de R$ 3 trilhões, enquanto o Impostômetro estava em R$ 2,3 trilhões. São R$ 700 bilhões de diferença. Isso é o retrato do descontrole fiscal”, disse Valdir Vargas, presidente da Acep.
Para Alfredo Cotait, presidente da CACB, o problema central é a falta de ajuste nas contas. “O governo gasta muito mais do que arrecada e, em vez de cortar despesas, busca aumentar impostos. Isso sufoca o empreendedor, afugenta investimentos e trava o crescimento”, criticou. Segundo ele, o déficit força o governo a buscar financiamento no mercado, elevando o custo da dívida e mantendo os juros na casa de 15%.
A plataforma Gasto Brasil (www.gastobrasil.com.br) permite que qualquer cidadão acompanhe, em detalhes, como União, estados e municípios aplicam o dinheiro público. É possível verificar valores destinados a áreas como saúde, educação, segurança e infraestrutura — informações que reforçam a cobrança por mais eficiência e menos desperdício.
O painel em Porto Velho já despertou interesse de outras cidades rondonienses, mostrando que a exposição pública desses números pode impulsionar a pressão popular. “A população quer saber para onde vai o dinheiro e está disposta a cobrar. Esse é o primeiro passo para mudar a cultura de tolerância ao descontrole fiscal”, afirmou Vargas.
O déficit crescente é um alerta claro: sem cortes de gastos e gestão responsável, a conta só vai aumentar — e quem paga é o contribuinte.