Justiça recebe ação sobre contrato de Lucas Pocay com ABEDESC na saúde de Ourinhos, mantido por Guilherme

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A Justiça de Ourinhos acatou uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo contra o ex-prefeito Lucas Pocay (PSD), o atual chefe do Executivo, Guilherme Gonçalves (Podemos), e a Associação Beneficente de Desenvolvimento Social e Cultural (ABEDESC). A ação, aceita pelo juiz Nacoul Badoui Sahyoun, da 1ª Vara Cível, pede a nulidade de um contrato de mais de R$ 36 milhões firmado para a terceirização de serviços de saúde no município.

Segundo os promotores Paula Bond Peixoto e Adelino Lorenzetti Neto, os acusados “burlaram” um concurso público homologado em 2024 ao contratar a ABEDESC para os mesmos serviços médicos e odontológicos previstos no certame. A denúncia aponta que o acordo foi firmado ainda na gestão de Pocay, mas foi mantido e prorrogado por Guilherme Gonçalves, já em 2025.

O Ministério Público afirma que houve uma manobra deliberada para ignorar os aprovados no concurso nº 01/2024 e manter uma estrutura terceirizada, o que configuraria ato de improbidade administrativa, com afronta aos princípios da legalidade e moralidade. A Promotoria também denuncia irregularidades nas funções contratadas, que não seguem as especialidades descritas no concurso público.

A ação pede, além da nulidade do contrato, a devolução integral dos valores ao erário, suspensão dos direitos políticos dos acusados por até 12 anos, proibição de contratar com o poder público e pagamento de multa civil.

Nota oficial da Prefeitura

Em resposta à repercussão do caso, a Prefeitura de Ourinhos emitiu Nota de Esclarecimento nesta terça-feira (9), reafirmando o compromisso da gestão com a legalidade, a transparência e a responsabilidade administrativa.

“Desde o início do mandato, em janeiro de 2025, a administração vem enfrentando grandes desafios estruturais herdados da gestão anterior, incluindo a necessidade urgente de reestruturação organizacional da Prefeitura, especialmente na área da saúde”, diz a nota.

A atual gestão afirma que a prorrogação do contrato com a ABEDESC foi uma medida emergencial e temporária, com o objetivo de evitar a desassistência na rede pública de saúde enquanto se reestrutura a administração municipal.

Ainda segundo a Prefeitura, um Projeto de Lei será encaminhado à Câmara Municipal para promover uma reorganização administrativa em conformidade com as recomendações do Ministério Público. A nota também destaca que diversos aprovados em concursos foram convocados ao longo de 2025, demonstrando o compromisso com o serviço público.

“Não houve qualquer prática de ilegalidade”, afirma o prefeito Guilherme Gonçalves. “A gestão manterá diálogo com o Ministério Público e demais órgãos de controle, mas apresentará sua versão no processo, defendendo a legalidade de suas ações. Cabe ao Judiciário decidir posteriormente.”

Próximos passos

A Justiça deve intimar os envolvidos nos próximos dias para apresentar suas defesas. Enquanto isso, o contrato com a ABEDESC, já aditado três vezes, segue vigente, agora com valor atualizado para R$ 35,9 milhões/ano — redução de apenas 0,69% em relação ao contrato original.

Até o momento, a ABEDESC não se pronunciou oficialmente sobre o caso.