Ourinhos, SP – O vereador Wesley Carlos da Silva (Republicanos) está no centro de uma crise política após declarações feitas em entrevista à rádio Melhor FM (antiga Melodia) no dia 10 de setembro. Durante sua participação, o parlamentar teria se referido à diretora da ABEDESC – Associação Beneficente de Desenvolvimento Social e Cultural, Gabriela Bernardo Santos Arruda, com o apelido pejorativo de “Pepa Pig”.
A fala foi recebida como ofensiva, gordofóbica e desrespeitosa, extrapolando os limites da crítica política e atingindo a dignidade pessoal de uma profissional que atua em organização parceira da Prefeitura de Ourinhos. A repercussão negativa levou Gabriela a protocolar na Câmara Municipal um pedido de cassação do mandato do vereador, fundamentado na Lei Orgânica do Município e no Decreto-Lei nº 201/67, que tratam da quebra de decoro parlamentar.
Pedido de cassação e suspeita de corporativismo
O caso foi encaminhado ao presidente da Câmara, vereador Cícero Investigador (Republicanos), que declarou que a denúncia será analisada pelo setor jurídico antes de ser levada ao plenário.
A decisão, no entanto, foi recebida com desconfiança. Para parte da comunidade, há indícios de corporativismo político e tentativa de minimizar o episódio, uma vez que o pedido de cassação apresenta fundamentos jurídicos claros e deveria ser apreciado sem delongas.
Justificativa não convence
Na manhã seguinte, 11 de setembro, Wesley concedeu entrevista por telefone à mesma rádio para tentar justificar sua postura. Ele negou ter citado diretamente o nome da diretora e afirmou que apenas reproduziu críticas enviadas por ouvintes em redes sociais:
“Em nenhum momento eu mencionei a pessoa ou fiz algo que desabonasse ela, porque eu não conheço ela e ela também não me conhece. Eu só fiz esse comentário na rádio porque recebi uma mensagem no Facebook”, declarou.
O vereador ainda se colocou como vítima de perseguição:
“Estão tentando me oprimir para eu parar de fiscalizar, mas eu não vou parar. (…) Quem se destaca toma martelada, mas estou preparado”, disse, aproveitando para criticar o prefeito Guilherme Gonçalves, a quem acusou de descumprir promessas de campanha.
A tentativa de defesa, contudo, não afastou as críticas. Para muitos, ao transferir a responsabilidade para terceiros e relativizar a gravidade da fala, Wesley reafirmou o conteúdo ofensivo sem demonstrar arrependimento ou compromisso com o respeito institucional.
Repercussão pública
Nas redes sociais, o episódio segue sendo amplamente discutido, com manifestações de cidadãos, entidades e movimentos sociais que veem a conduta do vereador como incompatível com o cargo público que ocupa.
A pressão popular é para que a Câmara Municipal não se omita e trate o caso com a seriedade exigida, punindo condutas que ferem a dignidade e o decoro parlamentar.
Próximos passos
O pedido de cassação agora depende do andamento interno da Câmara. Caso seja admitido, será submetido à votação do plenário e pode resultar na abertura de uma Comissão Processante para apurar formalmente o comportamento do vereador.
Enquanto isso, a crise de imagem de Wesley Carlos se aprofunda, e a cobrança da sociedade é para que o Legislativo dê uma resposta firme, evitando a impressão de blindagem política em um episódio que já manchou a credibilidade da Casa.